sábado, 18 de junho de 2011

A importência dos educadores


A importência dos educadores

17 de junho de 2011

” Da professora Maria Aparecida Lehmkuhl, via e-mail, 53 anos de idade e 32 de magistério, sobre a greve:
Caro Jornalista Moacir Pereira
Em primeiro lugar quero renovar meus agradecimentos pela imparcialidade e espaço que tens proporcionado aos educadores neste período tão singular, em que as mazelas históricas dos governantes estão vindo à tona, bem como as humilhantes condições de vida, trabalho e alimentação de milhares de educadores catarinenses.
Tenho acompanhado através do teu blog as angústias dos educadores das diversas regiões e sua luta em manter sua dignidade neste momento histórico e adverso, mas entendo que é na crise que podemos repensar nossa prática e melhorar a oportunidade de crescimento.
Tenho 53 anos de idade e 32 de magistério e estou tirando minhas últimas licenças-prêmio para me aposentar. Comecei no magistério no início dos anos 80 em que um educador em começo de carreira ganhava o equivalente a dez salários mínimos. Desde então nosso salário foi sendo cada vez mais suprimido, até a situação atual em que a categoria tem que fazer greve para ganhar o equivalente a dois míseros salários mínimos. Como podes ver não foi obra de um só governante, mas uma sucessão de equívocos de vários ocupantes do cargo.
Há 19 anos faço parte de um segmento um pouco diferenciado: educador que atua na SED. Fui para a SED em 92 com a possibilidade de trabalhar em capacitação com educadores, em que pude conhecer colegas de praticamente todos os municípios e após cada encontro eu retornava mais animada pela garra que eles apresentavam e mais angustiada com a situação de trabalho a que eram submetidos. Não falo em salários porque o meu era idêntico aos deles.
Na condição de servidora da SED tive a oportunidade de trabalhar com gestores (secretários, diretores, gerentes) e colegas profissionais preocupados com a qualidade da educação, bem com aqueles que ocupavam cargo por questões políticas ou familiares. Para exemplificar: trabalhei com uma gerente recém iniciante do curso de Pedagogia que era filha do caseiro do Secretário da época, enquanto colegas com mestrado e doutorandos eram seus subordinados!
Em uma das capacitações em que fui docente, educadores de Criciúma relataram o caso de um aluno de 13 anos que havia cometido suicídio porque o pai e outras pessoas abusavam sexualmente dele em orgias. Os educadores e colegas dele não tiveram nenhum respaldo da SED ou Regional de Educação para trabalharem essa situação preocupante. De retorno à SED comentei o caso com o meu diretor da época, solicitando que fossem tomadas providências para amenizar problemas como esses, para que pudéssemos proporcionar uma rede de proteção para a comunidade escolar poder prevenir e/ou amenizar estas situações, com psicólogos e assistentes sociais. Equipes volantes contratadas poderiam atuar em diversas escolas com cronogramas estabelecidos. Ele simplesmente respondeu que estes profissionais não faziam parte do quadro do magistério e ficou por isso mesmo.
Quero com isso dizer que a sensação de impotência que muitos educadores nas escolas sentem, também são partilhadas pela maioria de educadores que atuam no órgão central e regional. Perceber desmandos e interferência político-partidária na fazer pedagógico e não poder agir, também é muito frustrante.
Desejo que essa greve mude para sempre o olhar dos governantes e sociedade para esta função fundamental em qualquer sociedade que é a educação, e que seus profissionais recebam tudo que lhes é devido: financeiramente e reconhecimento social.
Tenho também formação superior em Enfermagem, porém optei pelo magistério para ficar mais perto da vida, da esperança, da alegria e principalmente da mediação do conhecimento, que é o objeto do nosso trabalho. Obrigada.”

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UM GRANDE ABRAÇO DE JONES DARK O NEGRÃO SORRISO!